Estreia no próximo dia 14 de março, no Sesc Belenzinho, o novo espetáculo da Cia. do Tijolo, 'Restinga de Canudos', que reconstrói, em cena, a vida na Vila de Canudos para além do massacre registrado por Euclides da Cunha, em 'Os Sertões'. Com direção de Dinho Lima Flor, que também assina a criação e dramaturgia junto de Rodrigo Mercadante, a peça dá protagonismo à comunidade anônima que ergueu o povoado no sertão baiano, antes de ser arrastada para a guerra sob a liderança de Antônio Conselheiro. RESTINGA DE CANUDOS
O espetáculo desvela Canudos pelo olhar de duas professoras antes do conflito, revelando a dinâmica cotidiana dos sertanejos, poetas populares, beatos, indígenas e ex-escravizados que estiveram na gênese, não só de um povoado, mas de um mito histórico — já muito explorado pela cultura brasileira. "Qual a contribuição que nós, da Cia. do Tijolo, pretendemos dar ao tema? Em primeiro lugar, contar a partir da construção da Vila e não de seu massacre", afirma o cocriador, diretor e ator Dinho Lima Flor, que explica: "Não queremos que o crime perpetrado pela recém-nascida república brasileira ofusque o lado vencedor da comunidade criada por Conselheiro e a comunidade de Canudos". Segundo Dinho, o espetáculo mergulha nas águas do Açude de Cocorobó, onde submerge o sítio histórico de Belo Monte e o povoado de Canudos. "Se conseguirmos despertar a curiosidade do espectador e, no melhor dos cenários, o amor do público pela força de Belo Monte, teremos cumprido nosso intento". 'Restinga de Canudos' dá continuidade à pesquisa da Cia. do Tijolo sobre educação popular e arte como ferramentas de transformação social. Inspirada na ética freireana, a Companhia reafirma a importância dos professores na formação da consciência crítica. No palco, essa presença se manifesta por meio da figura da professora de história, que conduz a plateia na costura entre passado e presente.
Como parte da programação do espetáculo, a companhia também irá promover o programa formativo 'Canudos: Além da Cena', que visa ampliar as reflexões sobre a memória e os desdobramentos históricos da Guerra de Canudos. A programação inclui encontros musicais abertos ao público, conduzidos pelo Núcleo Musical da Cia., nos quais serão trabalhadas as sonoridades e o repertório do espetáculo. Além disso, o bate-papo 'Conversa a Contrapelo' contará com a participação da professora e pesquisadora Silvia Adoue (Unesp e Florestan Fernandes) e do diretor e ator Cleiton Pereira (Grupo Contadores de Mentira), que discutirão as conexões entre Canudos e as lutas sociais contemporâneas. Sinopse 'Restinga de Canudos' enxerga as ruínas de Canudos, cidade submersa, e mergulha nas águas do açude de Cocorobó em busca das histórias de suas gentes. Para além da visão de Euclides da Cunha e da narrativa do massacre, o espetáculo recria, a partir dos olhos de duas professoras, uma comunidade viva, forte, próspera e vitoriosa na invenção de formas próprias de existência. 'Restinga de Canudos' traz professoras, beatos fazendo reza, guerra e festa numa Canudos recriada para o tempo presente.
FICHA TÉCNICA Criação e dramaturgia: Dinho Lima Flor e Rodrigo Mercadante
Ações Formativas - 'Canudos: Além da Cena' Núcleo de Formação e Criação Musical da Cia. do Tijolo A Cia. do Tijolo realiza encontros musicais gratuitos e abertos ao público, de seu Núcleo Musical desde 2017. Essa experiência formativa perene tem sido realizada paralelamente aos processos de montagem dos espetáculos da Cia. A oficina visa ampliar o alcance das discussões sobre o tema, uma vez que ao longo dos encontros serão trabalhadas as sonoridades e o repertório musical do espetáculo 'Restinga de Canudos', além de dar continuidade às práticas formativas da Cia. [ Canudos é, acima de tudo, uma experiência comunitária e a experiência de cantar em coro expressa, no plano simbólico e sensorial, de forma exemplar a experiência do “comum”. Repertório: Serão trabalhadas canções relacionadas ao processo de criação do espetáculo. Local: Sala Espetáculos II - Sesc Belenzinho Conversa a Contrapelo (Bate-Papo) Na história do teatro brasileiro, muitos grupos já se debruçaram sobre o tema da construção de Belo Monte e do massacre de Canudos. Não é à toa. Há temas que precisam ser elaborados, reelaborados e, mesmo assim, não cessam de gritar e querer falar. Para enriquecer a recepção da obra e ampliar o debate para além da cena, a Cia. do Tijolo convida o público para um bate-papo com Silvia Adoue e Cleiton Pereira, estudiosos do assunto, com mediação de Rodrigo Mercadante. Convidados: Local: Sala Espetáculos II -- Sesc Belenzinho Sobre a Cia. do Tijolo Desde 2008, a Cia. do Tijolo construiu um repertório que une teatro, música e poesia para revisitar figuras e episódios da história brasileira. O grupo já recebeu o Prêmio Shell de Música e o Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro por 'Concerto de Ispinho e Fulô' (2010) e 'Cantata Para um Bastidor de Utopias' (2014), que também venceu o Prêmio Shell de Melhor Cenário e foi indicado ao Prêmio Governador do Estado. O 'Avesso do Claustro' (2016) também concorreu ao Prêmio Governador do Estado, consolidando a companhia como uma das mais relevantes da cena teatral contemporânea. Além dos prêmios, o grupo mantém o Núcleo Musical da Cia. do Tijolo, que desde 2017 pesquisa a interseção entre sonoridade e dramaturgia. Atualmente, a companhia prepara 'Restinga de Canudos', espetáculo que revisita a história do sertão baiano sob a ótica da resistência popular. Serviço Espetáculo: 'Restinga de Canudos', com Cia. do Tijolo SESC BELENZINHO (clique aqui) Endereço: Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho -- São Paulo (SP) Telefone: (11) 2076-9700 Estacionamento Transporte Público | ||||||||||
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